A beleza das borboletas

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Trabalhando com o laboratório Patel do Marine Biological Laboratory da Universidade de Chicago, a artista e cineasta norte-americana Kristina Dutton criou uma série de filmes que destacam a extraordinária beleza e diversidade das asas de borboletas e mariposas, conhecidas cientificamente como Lepidoptera. Utilizando uma coleção impressionante de cerca de 50 mil espécimes, Dutton explora artisticamente os detalhes surpreendentes dessas asas, revelando aspectos visuais que normalmente escapam aos olhos humanos. Vale a pena ver ele.

Esse trabalho não é apenas uma expressão artística, mas também reflete uma importante conexão com estudos científicos recentes. Pesquisas têm demonstrado como as estruturas microscópicas das asas das borboletas desempenham funções muito além da estética. Por exemplo, as nanostruturas presentes nas asas são capazes de manipular a luz de maneiras específicas, produzindo cores vibrantes por interferência de luz, um fenômeno conhecido como coloração estrutural. Um artigo publicado na revista Science Advances por Wilts e colaboradores em 2017(1), detalha como essas nanostruturas podem gerar fenômenos ópticos como a iridescência nas asas das borboletas.

Outro estudo notável, divulgado na revista Nature Communications em 2020 por pesquisadores da Universidade Duke (Davis e colaboradores)(2), revela como algumas estruturas nanométricas ultra-negras são usadas pelas borboletas para absorver quase completamente a luz incidente, contribuindo para camuflagem e proteção contra predadores.

Essas descobertas científicas destacam a complexidade funcional dessas pequenas estruturas que, apesar do tamanho reduzido, desempenham papéis vitais na sobrevivência e evolução desses insetos.

Ao trazer esses detalhes científicos através de uma perspectiva artística, Dutton proporciona uma visão integrada sobre o universo das Lepidoptera. Ela combina beleza visual com ciência criando uma narrativa envolvente que expande o entendimento e a apreciação das maravilhas da natureza que frequentemente permanecem ocultas aos nossos olhos.



Referências:

1 - Butterfly gyroid nanostructures as a time-frozen glimpse of intracellular membrane development. Autores: Bodo D. Wilts, Benjamin Apeleo Zubiri, Michael A. Klatt, Benjamin Butz, Michael G. Fischer, Stephen T. Kelly, Erdmann Spiecker, Ullrich Steiner, Gerd E. Schröder-Turk. Este estudo revelou a presença de estruturas nanoscópicas chamadas giroides nas escamas das asas da borboleta Thecla opisena. Essas estruturas tridimensionais altamente organizadas são responsáveis por cores estruturais específicas e oferecem uma visão congelada do desenvolvimento de membranas intracelulares. https://www.science.org/doi/full/10.1126/sciadv.1603119

2 - Diverse nanostructures underlie thin ultra-black scales in butterflies, Autores: Alexander L. Davis, H. Frederik Nijhout, Sönke Johnsen. Este estudo examinou uma variedade de espécies de borboletas para entender como elas produzem colorações ultra-negras. Utilizando microscopia eletrônica de varredura e modelagem óptica, os pesquisadores descobriram que diferentes nanostruturas, como trabéculas expandidas e cristas, reduzem significativamente a refletância da luz, resultando em uma aparência extremamente negra. https://www.nature.com/articles/s41467-020-15033-1




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